"...há momentos, raros, é verdade, mas ainda observáveis de vez em quando, em que a Natureza se torna absolutamente moderna. É claro que nem sempre se pode confiar nela. De facto, encontra-se numa posição infeliz - a Arte cria um efeito único e incomparável, e, depois de criá-lo, passa a outras coisas. A Natureza, por seu lado, esquecendo-se de como a imitação pode construir a mais sincera forma de insulto, persiste em repetir esse efeito até ficarmos todos absolutamente exaustos de o ver. Ninguém verdadeiramente culto, por exemplo, falará hoje em dia da beleza de um pôr-do-sol. Os pôres-do-sol estão completamente fora de moda. Pertencem a um tempo em que Turner era a última palavra em arte. Admirá-los é um sinal claro de provincianismo de temperamento. Todavia, continuam. Ontem à noite, a Sra. Arundel insistiu em que eu chegasse à janela e olhasse para o céu maravilhoso, como ela lhe chamou. Claro que tive de olhar. Ela é uma dessas filistinas absurdamente belas a quem nada pode negar-se. E de que se tratava? Simplesmente de um Turner de segunda categoria..."
Oscar Wilde
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| JMW Turner, Sun Setting over a Lake, about 1840 |
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